O Domingo de Ramos é a comemoração litúrgica que recorda a
entrada de Jesus na cidade de Jerusalém onde Ele iria celebrar a Páscoa judaica
com seus discípulos.
Ele é o portal de entrada da Semana Santa. É no Domingo de
Ramos que se inicia a Semana da Paixão. É o dia em que a Igreja lembra Nosso Senhor
entra em Jerusalém.
Um Rei entra na
cidade montando um jumento
Já desde a entrada da cidade, os filhos dos hebreus portavam
ramos de oliveiras e alegres
acenavam com eles, estendiam mantos no chão para
Jesus passar sobre eles. Jesus entrou na cidade como Rei!
Até parece que era um desejo d'Ele que fosse assim, pois, a
cena em que tudo transcorre reproduz a profecia de Zacarias: o rei dos judeus
virá. Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de
Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem
montado num jumento.
Embora Jesus montasse um simples jumento, o cortejo
caminhava, alegre e digno. Na expectativa de estar ali o Messias prometido,
Jerusalém transformou-se, era uma cidade em clima de festa.
E Ele era aplaudido, aclamado pelo povo: "Hosana ao
Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel;
hosana nas alturas". Isto aconteceu alguns dias antes de que Jesus fosse
condenado à morte, quando os ecos dos gritos de "hosana" já se
misturavam ao clamor de insultos, ameaças e blasfêmias que o levariam a sua
Paixão redentora.
Que tipo de Messias
queriam aqueles judeus?
Da entrada festiva como rei em Jerusalém até o deboche da
flagelação, da coroação de espinhos e da inscrição na cruz (Jesus de Nazaré,
rei dos Judeus), somos levados a perguntar: Que tipo de rei aquele povo queria?
E que tipo de rei era Jesus? Nosso Senhor era aclamado pelo mesmo povo que o
tinha visto alimentar multidões. Era aplaudido por aqueles que o viram curar cegos
e aleijados e, ainda há pouco, tinham presenciado a ressurreição de Lázaro.
Impressionada com tudo isso aquela gente tinha a certeza de
que este era o Messias anunciado pelos Profetas. Mas, aquele povo era
superficial e mundano, julgava que Jesus fosse um Messias político, um
libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o
apogeu dos tempos de Salomão. E nisso estavam equivocados, enganados: Ele não
era um Rei deste mundo!
Seus corações
apreciavam Jesus de modo incompleto
A entrada de Jesus em Jerusalém foi uma introdução para as
dores e humilhações que logo Ele sofreria abundantemente: a mesma multidão que
o homenageou movida por seus milagres, virou-lhe as costas e pediu sua morte.
No Domingo de Ramos fica patente como o povo apreciava Jesus
de um modo incompleto. É verdade que O aclamaram, porém, Ele merecia aclamações
incomensuravelmente superiores. Merecia uma adoração amorosa, bem diversa da
que lhe foi dada!
No entanto, cheio de humildade, lá ia Nosso Senhor Jesus
Cristo sentado num burrico, avançando em meio à multidão ruidosa, impulsionando
todos ao amor de Deus.
Só uma pessoa O
entendeu naquela hora
Em geral, as pinturas e gravuras apresentam Nosso Senhor
olhando pesaroso e quase severo para a multidão. Para Ele, o interior das almas
não oferecia segredo. Ele percebia a insuficiência e a precariedade daquela
ovação.
Apenas uma pessoa percebia o que estava acontecendo com
Jesus e sofria com Ele. E essa pessoa oferecia sua dor de alma como reparação
de seu amor puríssimo a Nosso Senhor: era Nossa Senhora.
Mas, ...que requinte de glória para Nosso Senhor! Era o
maior deles porque Nossa Senhora vale incomparavelmente mais do que toda a
Criação. Naquelas circunstancias, Maria representava todas as almas piedosas
que, meditando a Paixão de nosso Salvador, haveriam de ter compaixão e pena
d'Ele. Almas que lamentariam não terem vivido naquele tempo para poderem,
então, ter tomado posição ao lado de Jesus.
Domingo de Ramos em
minha vida?
Existe um defeito que diminui a eficácia das meditações que
fazemos. Este defeito consiste
em meditar os fatos da vida de Nosso Senhor e
não aplicá-los ao que sucede em nós ou em torno de nós.


Assim, por exemplo, a nós espanta a versatilidade e
ingratidão dos judeus que assistiram a entrada de Jesus em Jerusalém. Nós os
censuramos porque proclamaram com a mais solene recepção o reconhecimento da
honra que se deveria ter ao Divino Salvador e, pouco depois, O crucificaram com
um ódio tal que a muitos chega a parecer inexplicável. Essa ingratidão, essa versatilidade para mudanças de opinião
e atitudes não existiram apenas domingo de ramos. Nos homens dos tempos de
Nosso Senhor! A atitude das pessoas contemporâneas de Jesus, festejando sua
entrada em Jerusalém e depois abandonando- à mercê de seus algozes,
assemelha-se a muitas atitudes que tomamos. Muitas vezes louvamos a Cristo e nos enchemos de boas
intenções para seguir os seus ensinamentos, porém, ao primeiro obstáculo, nos
deixamos levar pelo desânimo, ou pelo egoísmo, ou pela falta de solidariedade
e, mais uma vez, por esse desamor, alimentamos o sofrimento de Jesus. Ainda hoje, no coração de quantos fiéis, tem Nosso Senhor
que suportar essas alternativas, essas mudanças que balançam entre adorações e
vitupérios, entre virtude e pecado? E estas atitudes contraditórias e defectivas não se passam apenas no interior de alma de cada homem, de modo
discreto, no fundo das consciências: Em quantos países essas alternações se
passam e Nosso Senhor tem sido sucessivamente glorificado e ultrajado, em curtos
intervalos espaços de tempo?

Uma perda de tempo:
não reparar as ofensas a Nosso Senhor
É pura perda de tempo nos horrorizarmos exclusivamente com a
perfídia, fraude e traição daqueles que estavam presente na entrada de Jesus em
Jerusalém.
Para nossa salvação será útil refletirmos também em nossas
fraudes e defeitos. Com os olhos postos na bondade de Deus, poderemos conseguir
a emenda e o perdão para nossas próprias perfídias. Existe uma grande analogia
entre a atitude daqueles que crucificaram o Redentor e nossa situação quando
caímos em pecado mortal.
Não é verdade que, muitas vezes, depois de termos
glorificado a Nosso Senhor ardentemente, caímos em pecado e O crucificamos em
nosso coração? O pecado é um ultraje feito a Deus. Quem peca expulsa Deus de
seu coração, rompe as relações filiais entre criatura e Criador, repudia Sua
graça.
E é certo que Nosso Senhor é muito ultrajado em
nossos dias. Não pelo brilho de nossas virtudes, mas pela sinceridade de nossa
humildade nós poderemos ter atitudes daquelas almas que reparam, junto ao trono
de Deus, os ultrajes que a cada hora são praticados contra Ele. As lições do
Domingo de Ramos nos convidam a isso.
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CONCENTRAÇÃO ANTES DA SAÍDA DA PROCISSÃO |
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BENÇÃO DOS RAMOS |
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MISSA |
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ORNAMENTAÇÃO DA IGREJA (MISSA DOMINGO DE RAMOS) |